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YARAS DO RIO MADEIRA
9 de  agosto de 2022 | Autor : 3 | Fonte : 3

Abnael Machado – 1932/2019 (*)
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A Yara e a Sereia possuidoras de idênticas magias, encantos, poderes e seduções, fisicamente são totalmente diferentes. A sereia é mulher da cintura para cima, com todos órgãos anatômicos femininos, e da cintura para baixo é peixe. Habita os oceanos e mares.
Homero, poeta grego cego, em suas composições líricas Ilíada e Odisseia narra que Ulisses e seus companheiros vindos da guerra de Troia, vagaram durante dez anos pelos mares, entre esses, o das sereias no qual Ulisses ordenou que o amarrasse no mastro do navio a fim de não ser arrebatado para as profundezas das águas, seduzido pelo mavioso canto das sereias.

A Yara é uma belíssima mulher de corpo sedutor, abundante cabeleira variando de loura, ruiva e negra, olhos também variando de azuis, verde, castanhos e negros. Seios firmes de tamanhos proporcionais ao busto, coxas e pernas perfeitamente torneadas, habitam os rios, lagos, igarapés e lagoas dos quais nas horas silenciosas do dia e nas noites de plenilúnio emerge e senta-se nas suas margens, penteando seus longos e sedosos cabelos, mirando-se no espelho líquido aos seus pés, vaidosa de sua beleza, nesses momentos canta com sua voz doce embriagadora e melodiosa de poder mágico de atrair e paralisar os homens, e os levar para o seu reino nos fundos das águas, no qual passarão a serem seduzidos como seus amantes e seus escravos.

No Rio Madeira tem-se notícias do aparecimento de Yaras na ex-cachoeira de Santo Antônio, imputando-lhes os desaparecimentos de vários banhistas e incautos pescadores. Contava um caribenho, residente em Santo Antônio, que numa noite pescava na cachoeira, a viu emergindo do rio, sentando-se em uma das rochas, começando cantar. O som da melodia o estonteava. Juntou seu petrecho recolheu-se a sua barraca, porém não conseguiu dormir.

Na foz do Rio Jamari contam pescadores, terem visto duas Yaras. Uma acompanhada por um círculo de botos rodeando-a, executando um balé  o que a divertia. A outra a costuma aparecer sentada num dos galhos das árvores das margens do rio. À noite são iluminadas por multicolorida luz.

Em Carapanatuba (médio Madeira), num poção de águas límpidas, mora uma Yara diferente das outras, por sua cabeleira ser branca. Diverte-se toldando as águas, impedindo as lavagens de roupas pelas lavadeiras, como também apavorando os homens quando no final do dia veem se banhar, emergindo inesperadamente, os pondo a correr meios vestidos uns e nus outros.
Os curandeiros pajés para libertarem seus clientes das magias da Yara, os benzem, os banham com infusão de folhas de arruda e cidreira, flores de manjericão e mucuracaá. Os banhos dados na beira do rio em três luas cheias. Recomendação à família mantê-los vigiados, resguardando-os a não mergulharem em rio em busca da Yara, até ficarem plenamente curados.
-( Nota do autor, a Yara habita os rios da Amazônia).
(*) Professor, historiador, Doutor Honoris  Causa/UNIR, historiador, jornalista, escritor, membro da academia d Letras de Rondônia e da Academia Guajaramirense de Letras.
Abnael Machado
Membro do Instituto Geográfico de Rondônia
 

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