Esron Penha de Menezes (In memorian), professor, jornalista, membro fundador da Academia de Letras de Rondônia, falecido em janeiro de 2009
Uma jovem perguntou-me dias passados se eu já havia escrito alguma crônica sobre os primeiros habitantes de Porto Velho e quais desses pioneiros têm descendentes ainda aqui. Para responder a minha jovem interlocutora, tenho que remontar aos meus anos de juventude e fazer um esforço de memória para desandar a máquina do tempo, fator que certamente provocará algum esquecimento, algum engano. Devo lembrar aos leitores e internautas que dentro de poucos dias estarei completando três quartos de século de vida terrena e as incompreensões, as desilusões preponderam decisivamente na mais fecunda das inteligências. Vamos rememorar o passado. Vejo Porto Velho de 1922, com duas farmácias, que naquele tempo se escrevia PHARMACIA, do gordo Arthur Napoleão Lebre de quem só conheço descendentes a esposa do Celso Marques Mendonça e a do raquítico José de Lima Thales, de quem não conheço nenhum descendente por aqui. Naquele tempo era Superintendente o Pe. Dr. Raimundo de Oliveira e presidente da Intendência (Câmara) meu pai que tinha um ordenado fabuloso de duzentos mil réis por mês. Na Superintendência, apesar de ter apenas oito anos, lembro que era Secretário Geral o jovem Álvaro Botelho Maia, meu coestaduano e meu conterrâneo, que foi Interventor e Governador do Amazonas, Senador da República, cidadão de inteligência muito fértil sem falsa modéstia – dote dos filhos de Humaitá: Álvaro Maia, Almino Afonso e...eu. O tesoureiro, um português, João Soares Braga, misto de contador (economista ou técnico em contabilidade) e ator cênico, que foi mestre da arte de Dona Labibe Bártolo do seu ex-marido Carola e do ex-marido de Dona Lígia Guimarães, o Alexandre. Havia também um marchante chamado José Pontes que construiu para suas filhas Olívia e Odete aquelas casas da Prudente de Moraes, onde foi o Fórum. No comércio lembro do George Resky que era ourives e relojoeiro, numa porta na José de Alencar, o Milede Chalfoun onde foi o Bazar das Miudezas, o Au Bon Marché do Chucre Jacob & Irmão – esse irmão era meu saudoso amigo Abdon, pai dos Drs. Jacob e José, residentes aqui. Existia o Miguel Chaquian, que não posso identificar onde tinha seu estabelecimento comercial e na 7 de setembro existia a Formosa Síria, do meu padrinho de casamento Elias Goraieb, tio do Dr. Constantino, Emil, da Ex-Deputada Marlene, da funcionária América e do economista Anizinho, e o Dib Mutarey, que acabou como macumbeiro e carregador, depois de ter sido um próspero comerciante. Já existia, naquele tempo, uma representação da casa J.G. de Araújo, sob a gerência de José Centeno, que foi apelidado de Comendador e por sinal existe esse prolongamento da rua José Bonifácio que a Câmara Municipal denominou de Ladeira Comendador Centeno. Dele existe por aqui uma filha, Dona Luiza, que foi funcionária do Território. Na Barão do Rio Branco, existiu a funilaria do João dos Santos Reis, do qual por aqui existem ainda muitos de seus descendentes, entre eles o veterinário Dr. João Reis (Careca), e Dona. Lucinda Morais esposa do Dr. Walmi Davies de Moraes, destacado político das hostes do PTB, e ali também morava o meu padrinho e cunhado Eng. Francisco Alves Erse, avô do Ex-Prefeito Chiquilito e do Ex-Secretário da SEMPLA, Luiz Guilherme. Nessa mesma rua estava localizada a redação do jornal A Gazeta, do Promotor José Matheus Gomes Coutinho, que faleceu no Ceará, faz muitos anos, e não deixou descendentes por aqui. Nesse tempo o Alto Madeira era do Dr. Tanajura, 2º Superintendente de Porto Velho e o lº eleito e se situava naquele edifício construído pelo seringalista Jovino Lemos, esquina da Prudente de Moraes com a 7 de setembro, e era dirigido pelo Cincinato Elias Ferreira, que de parentes por aqui só o afilhado, Ex-Juiz classista José Ferreira da Costa mais conhecido como Zé Paca. Na Madeira Mamoré havia muita gente que deixou descendentes que hoje são orgulho da tradição pioneirista de Porto Velho. Os Shockness, as Maloney, as Heron, as Bassalo, os Trivério, os Maia {(Amadeu), o Davy (Sany e Alex, os Martins (Dona Olga e Eugênio) os Paes, os Cantanhêde, os Câmara Leme, estes os de quem lembrei).
Esron Penha de Menezes
Professor, jornalista, membro fundador da Academia de Letras de Rondônia, falecido em janeiro de 2009